E como estão nossas Edificações Históricas?
A incalculável perda nacional que tivemos no início da noite passada foi o retrato falado de como estão nossas edificações históricas. Ontem 01/09 por volta das 19h30min um incêndio no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio, destrói a pouca história que ainda temos registrada.
É muito triste vivenciar um trágico acidente como este. Graças à Deus não tivemos vítimas, mas o acervo histórico que o museu abrigava, esse infelizmente, boa parte foi perdido. Independente do que tenha acontecido, fica claro que a edificação passava por sérios problemas orçamentários e o total descaso sobre a manutenção.
Breve Histórico
Conforme citado pelo Jornal do Brasil na edição de hoje (03/09). Mais antiga instituição histórica do país, o Museu Nacional do Rio foi fundado por D.João VI, em 1818. É vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com perfil acadêmico e científico. Tem nota elevada por reunir pesquisas raras, como esqueletos de animais pré-históricos e múmias.
O local foi sede da primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891. Em 1892 foi destinado ao uso de museu. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
No acervo, com cerca de 20 milhões de itens, há diversificação nas peças, pois reúne coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. Há, ainda, uma biblioteca com livros com obras raras.
Perícia Judicial para Apuração das Causas e Perdas
Cabe à perícia evidenciar e elucidar a causa do incêndio. Entretanto chamemos a atenção para os fatos: Como andam nossas edificações históricas? Qual o preço que pagamos por falta de manutenção preventiva nas nossas edificações? Será que vale a pena deixar de fazer uma simples vistoria? Em vista a arcar com custos de salvar a história nacional num trágico acidente?
Segundo o site de notícias G1 em entrevista com o Ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão havia um projeto para revitalização do museu, mas infelizmente os esforços para tal obra não foram suficientes, como diz em entrevista:
“Recentemente fizemos um esforço muito grande, o Ministério da Cultura, o Instituto Brasileiro de Museus, tratamos do patrocínio do BNDES ao projeto de revitalização do governo nacional. A partir desse momento nos dedicamos a esse projeto, fizemos parte da direção do próprio museu, mas infelizmente todo esse esforço não foi suficiente para evitar a tragédia. O projeto de patrocínio do BNDES para a revitalização foi assinado, o museu completou 200 anos, o museu tem um acervo fabuloso, mas não houve tempo para que começasse a acontecer e pudéssemos evitar essa tragédia. Isso é resultado de processo de negligência, e espero que isso sirva de alerta para que tragédias como esta não se repitam em outra instituição”.
Manutenção Preventiva Ativa e Fiscalização Eficaz
O básico não foi feito, que dirá um projeto de revitalização de uma edificação histórica. Para que aconteça há necessidade de estudo expressivo e métodos exclusivos de recuperação e restauração. Primeiramente todas as edificações precisam de um programa de manutenção. Além de vistorias contínuas e de atenção ao desgaste natural e vida útil.
O descaso com as edificações nacionais sejam elas históricas ou não, é inacreditável. Não temos a cultura do proteger, do cumprir programas de manutenções. Certamente, fiscalização é ineficiente e corruptível (sabemos todos e não é surpresa). Agora o que nos resta é lamentar pela irreparável perda e agradecer por não ter havido nenhuma vítima.
É claro que nossas edificações históricas estão esquecidas como os nossos livros de história do Brasil. Não há de forma alguma qualquer indicação de incentivo à preservação do patrimônio histórico cultural em nosso país. E isso é mais uma das tantas notícias que nos fazem perder a esperança de um país melhor.